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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

CALDEIRÃO DE SANTA CRUZ DO DESERTO, UMA CANUDOS NO SERTÃO DO CEARÁ

sobreviventes do massacre
Padre Cicero resolveu alojar o Beato e os romeiros numa grande fazenda denominada de Caldeirão dos Jesuítas,situada no Crato,onde recomeçaram o trabalho comunitário,criando uma sociedade igualitária que tinha como base a religião. Toda a produção do Caldeirão era dividida igualmente ,o excedente era vendido e,com o lucro,investia-se em remédios e querosene. em pouco tempo, a organização e disciplina do beato e seus seguidores transformaram aquela terra abandonada,situada a 20 kms do Crato e com 900 hectares em terra produtiva. Lá a terra era de todos e a terra era de ninguém. Esse era um conceito naquela comunidade. Os homens plantavam e colhiam coletivamente,mas não eram impedidos de cada um ter seu lote de terra,para plantar ,criar gado e outros animais.Uma espécie de comunismo primitivo reinava no Caldeirão,onde todos tinham trabalho,comida e felicidade terrena. No Caldeirão todos tinham sua casa e os orfãos eram afilhados do beato.Para a comunidade eram enviados,por Padim Ciço,Ladrões,assassinos e miseráveis,enfim,pessoas que precisavam para trabalhar e obter sua fé.Havia práticas religiosa que assustava a vizinhança,tais como penitencias e rituais nas orações,mas não passava disso. Na fazenda também tinha um cemitério e uma igreja,construídos pelos próprios membros. A comunidade chegou a ter mais de mil habitantes. Com a grande seca de 1932,esse número aumentou,pois lá chegaram muitos flagelados. após a morte de Pe.Cicero,muitos nordestinos chegaram a considerar o beato Zé Lourenço como seu sucessor. Devido a muitos grupos de pessoas começarem a ir para o Caldeirão e deixarem seus trabalhos árduos,pois viam aquela sociedade como um paraíso,os poderosos,as classes dominantes,começaram a temer aquilo que consideravam ser uma má influência. O beato e sua comunidade eram caluniados pelos poderosos e pela imprensa da época. A comunidade foi taxada de uma nova Canudos Comunista, e não tardou a primeira intervenção policial bater na porta do Caldeirão,foi em 1936, a frente das tropas estava o Tenente José Góis de Campos Barros,lá não encontraram o beato que foi avisado previamente,e que ficou presenciou um espetáculo de barbarie movido pelo anticomunismo,suspeitando haverem armas escondidas com os menbros da comunidade,a tropa invadiu casas,saqueou-as tentando encontrar o pretenso arsenal .Ameaçaram todos de morte. Ao fim atearam fogo nas casas,uma moça revoltada ateou fogo no corpo. Nada encontraram a não ser os instrumentos de trabalho. As tropas policiais ficaram por lá um mês,torturando e prendendo a população num curral a espera do lider da comunidade.em 1936, um dos lideres da comunidade Severino Tavares foi preso e levado para Fortaleza por suspeita de participar do levante comunista de 1935.Fugindo da ação policial e acompanhado de cerca de mil pessoas o Beato organiza outra comunidade conhecida como Mata dos Cavalos. em 1937,Severino Tavares é libertado, com o coração tomado de ódio e vingança volta para o Caldeirão.no dia 10 de abril,outra expedição parte para o Caldeirão para o encontro com Zé Lourenço, as forças oficiais não contava com uma emboscada do grupo de Severino Tavares,um grande combate foi travado entre os grupos. No embate acabaram sendo mortos o Capitão José Bezerra e Severino Tavares.As manchetes não tardaram a surgir condenando ainda mais a comunidade. E os poderes públicos foram novamente acionados e o então Ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra pôs uma esquadra de três aviões a postos para por fim ao Caldeirão. Em mais um espetáculo de barbarie os aviões sobrevoaram a região, dando rajadas de metralhadoras,segundo alguns mesmo jogando bombas, e matando um cem número de camponeses. Segundo depoimentos,levaram trens de cargas carregados de gente para Fortaleza. Após a dura chacina o beato ainda tenta erguer uma nova comunidade em 1938,porém, em apenas dois anos,são expulsos por mandato policial.neste mesmo ano Zé Lourenço segue para Exú,Pernambuco onde compra um terreno com poucos seguidores e organiza a comunidade União,baseada na liberdade e igualdade longe da perseguição policial,e no sossego que sempre buscou, ele passa seus últimos dias em terras Pernambucanas,onde veio a falecer em 14 de fevereiro de 1946,vitimado pela peste bubônica e, sem a sua figura a comunidade se dispersaría. Seu corpo foi carregado por cerca de setenta quilometros até Juazeiro do Norte,onde ainda hoje é possivel ver fiés visitando seu túmulo. o beato representa ainda hoje uma saída ao latifúndio. Ele morreu,mais suas idéias ainda estão vivas nos movimentos de luta pela terra no país.



William Veras de Queiroz 2010 D.C - Santo Antonio do Salgueiro-PE
fonte:http://blogsolvermelho.blogspot.com/2010_03_01_archive.html

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