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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pifes, zabumbas e um som de duzentos anos




Fundada em 1835, a banda cabaçal dos Irmãos Aniceto viaja pelo país com show de música, dança e rituais seculares que mantêm viva a tradicional cultura nordestina. Originária dos terreiros, pés de serra e da periferia de Crato, a banda dos Irmãos Aniceto é formada por músicos agricultores com mais de 80 anos e por amigos, filhos e netos, que se destacam também como atores.

Com shows gratuitos neste mês de outubro em Santos (21), São Paulo (23), Rio de Janeiro (28), e Niteroi (29), a banda cabaçal dos Irmãos Aniceto traz a rara oportunidade de aplaudir uma história de resistência de mais de 200 anos. Programa ideal para os apreciadores das genuínas manifestações tradicionais populares, a trupe vem do Crato, cidade do Cariri cearense, para animar o público com seus pifes, zabumbas, pratos e caixas de guerra. As apresentações, gratuitas, buscam também perpetuar a tradição musical e cultural e tem patrocínio da Petrobras, através da Lei Rouanet.

Banda cabaçal

Uma banda cabaçal é um conjunto de musical instrumental constituído de instrumentos de percussão e sopro: dois pifes (pífanos, flautas rústicas de madeira), um zabumba e uma “caixa”. Sua origem vem do fato de que, no século 19, os tambores (zabumbas, caixas ou taróis) eram confeccionados com pele de bode ou carneiro estiradas sobre cabaças secas. Já em 1838, o botânico inglês George Gardner registra a presença de bandas cabaçais nesta região do interior do Ceará.

O lendário grupo também existe desde o século 19, quando foi fundado em 10 de maio de 1835 por José Lourenço da Silva, o José Aniceto. A família descende dos índios Cariris - que teimavam em ficar por ali, ao pé da Chapada do Araripe, antes da colonização, no sul de um território ao qual viriam a dar o nome de Ceará, mais especificamente, Crato.



Originária dos terreiros, pés de serra e da periferia da cidade, a banda cabaçal dos Irmãos Aniceto é formada por músicos agricultores com mais de 80 anos e por amigos, filhos e netos, que se destacam também como atores. Segundo o jornalista Pablo Assumpção, em seu livro “Anicete - quando os índios dançam” a banda cabaçal reúne “atores que desempenham uma performance única e que mescla o passo matreiro e intuitivo de cada um do grupo com modos ancestrais de dançar e imitar animais, aprendidos com as gerações indígenas da família. É essa performance que evolui em danças e trejeitos bem particulares que os diferencia de qualquer outra banda. Uma espécie de ritual secular que apresenta a força das coisas inéditas”.

Acrobacias e dança marcial

É também colocada em evidência, nas suas apresentações repletas de pantomimas e acrobacias, a habilidade no manejo de instrumentos cortantes (facão) manipulados vertiginosamente e que provocam no espectador um estado de tensão comum em espetáculos circenses. No caso, dois músicos se digladiam interpretando galos de briga e os facões fazem o papel de esporões em uma coreografia intitulada pelos músicos como “Briga de galo”.
O grupo já alcançou considerável projeção regional, nacional e européia, inclusive brilhando ao lado de Hermeto Pascoal e do Quinteto Violado.

Em 1998, participou de uma temporada de um mês e quatro dias no espetáculo “Ciranda dos Homens, Carnaval dos Animais”, do coreógrafo Ivaldo Bertazzo, no Teatro do SESC Pompéia (SP). Também ficaram conhecidos do grande público quando participaram do filme "O homem que engarrafava sonhos", do cineasta Lirio Ferreira (Baile Perfumado, Cartola, Arido Movie).

A obra dos Irmãos Aniceto ganhou três registros fonográficos: um disco compacto pelo Ministério da Educação e Cultura (1978), um CD lançado pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, através do Projeto Memória do Povo Cearense, produzido pela Equatorial Produções e Cariri Discos (1999) e “Forró no Cariri” (2004), novamente pela Equatorial Produções e Cariri Discos.

A mais popular banda cabaçal cearense também participou de filmes e documentários para TV. Desde 2004, o Mestre Raimundo Aniceto foi reconhecido pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará como Mestre da Cultura Tradicional Popular do Estado do Ceará, recebendo diploma concedido pelo Governador do Estado. Participaram das duas edições do Encontro dos Mestres do Mundo, promovidas pela Secult em Limoeiro do Norte e Russas, em junho de 2005 e 2006.



fonte: www.vermelho.org.br

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