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sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ulrick Graf: O Suíço que foi alçado a ícone na mitologia do “País de Mossoró”

Ulrick Graf: O Suíço que foi alçado a ícone na mitologia do “País de Mossoró”

(*) José Romero Araújo Cardoso

Ulrick Graf nasceu na Suíça, mas marcou profundamente a história social e econômica da capital do oeste potiguar, pois ao transferir seus negócios do ramo de importação e exportação de Macaíba para Mossoró, chegando na companhia de Adolfo Mayer, futuro abolicionista das lutas que culminaram com o 30 de setembro de 1883, imprimiu marca indelével lembrada com entusiasmo em razão da sua clarividência e do seu empreendedorismo ímpares.
Em meados da segunda metade do século XIX, devido ao assoreamento do Porto do Aracaty, na foz do rio Jaguaribe, determinou-se que houvesse a transferência do empório comercial que até então se vislumbrava no Ceará para a área próxima a desembocadura do rio Apodi-Mossoró, pois as exportações sertanejas tinham que ser processadas nas imediações do antigo pólo econômico cearense, intuindo dar continuidade ao escoamento da produção do Ceará, da Paraíba e do Rio Grande do Norte.
Devido à posição geográfica privilegiada, Mossoró assumiu a vanguarda desse processo, tendo crescido, a partir de então, de forma vertiginosa e impressionante. Diversas firmas do ramo de exportação e importação começaram a se instalar no pequeno lugarejo, instalando-se ainda a navegação de cabotagem, aproveitando-se das condições favoráveis propiciadas pelo Porto Franco, localizado hoje, não obstante inativo, estando dominado hoje em quase toda sua extensão por salina, no município de Grossos.
Graf, observador atento da riqueza que a natureza disponibilizou para Mossoró, pensou imediatamente que para Mossoró faltava meio de transporte adequado para escoar a produção salineira.
Conseguiu do governo imperial licença para construir estrada de ferro que ligaria Mossoró ao rio São Francisco, mas devido inúmeros fatores esta caducou e Graf não conseguiu lograr seu intento.
Outro ponto da clarividência de Graf foi a necessidade de estruturar lócus de aprendizagem que viabilizasse a convivência do homem com as condições adversas do semiárido. O sonho de Grafo foi conseguido através da luta de Vingt-un e Dix-huit Rosado para a concretização da Escola Superior de Agronomia de Mossoró, atual Universidade Federal Rural do Semiárido.
Caso as pregações de Graf tivessem sido concretizadas na época, com certeza teria havido condições mais coesas da região se desenvolver de forma proeminente, não obstante as lutas empreendidas desde então a fim de dotar o oeste potiguar e o próprio Rio Grande do Norte de infraestrutura que possa efetivar conquistas que beneficiem o gênero humano.
Desiludido com as provações que teve de enfrentar, Graf abandonou a área que acreditou ser possível para efetivar contribuição e migrou provavelmente para a região amazônica, não havendo mais notícias do seu paradeiro.
Alçado ao status de ícone na mitologia do “País de Mossoró”, Graf é referência quando o assunto é a luta em prol de nobres ideais a fim de subsidiar a luta histórica visando o engrandecimento da capital do oeste potiguar e sua área de influência.
Como homenagem ao europeu que buscou dar significativa contribuição para o crescimento de Mossoró, existe bairro residencial cujo patrono é Ulrick Graf, idéia defendida por Jerônimo Vingt-un Rosado Maia que via no suíço exemplo de coerência na defesa da capital do oeste potiguar.


(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

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