SOCIEDADE CARIRI DAS ARTES
CIA. CEARENSE DE TEATRO BRINCANTE
PONTO DE CULTURA DO BRASIL (SECULT-CE/MINC)
Mons. Fco. de Assis Feitosa, 504-B – Centro – 63.100-360 – Crato – Ceará
CNPJ Nº 09.068.976/0001-70
cariridasartes@yahoo.com.br
PROJETO
“COMÉDIA NA RUA DAS TRADIÇÕES”
- ETAPA 1 -
(Elaboração: Cacá Araújo)
1. APRESENTAÇÃO:
O Projeto “Comédia na Rua das Tradições” é uma iniciativa do Ponto de Cultura Sociedade Cariri das Artes através da Cia. Cearense de Teatro Brincante que, em sua primeira etapa, terá a circulação do espetáculo teatral “A Comédia da Maldição”, escrito e dirigido por Cacá Araújo, na modalidade “teatro de rua”, em praças públicas e terreiros de mestres da cultura tradicional do município de Crato, durante os meses de maio e junho de 2010, oportunidade em que se dará a integração/vivência com folguedos e artistas populares.
A segunda etapa do projeto, prevista para os meses de julho e agosto, constituir-se-á na circulação da peça por diversas cidades do Ceará, Pernambuco e Paraíba, também com a imersão nas manifestações da cultura tradicional popular.
“A Comédia da Maldição” é a fantástica e misteriosa história de uma bela jovem que se amancebou com um padre e foi condenada a uma terrível maldição: virar mula-sem-cabeça! Uma das mais tradicionais lendas brasileiras recontada num grande espetáculo de rua para todas as idades...
2. OBJETIVOS:
2.1. Difundir valores do folclore e da cultura nordestina através de estética dramática sertaneja, alinhada ao imaginário popular e ao resgate de tradições ancestrais, que remontam aos processos iniciais de formação do povo brasileiro, a partir de matrizes de origem ameríndia, africana e européia;
2.2. Divulgar a produção teatral caririense e oportunizar a formação de platéias, especialmente juvenis, inspirando senso crítico e auto-estima em termos de identidade cultural, potencializando-as para o convívio e interação com outras culturas e linguagens artísticas;
2.3. Estimular a congregação de estudiosos, pesquisadores, produtores, atores, encenadores, mestres da cultura tradicional popular, brincantes, autores e técnicos em torno da discussão de proposta estética de leitura e releitura da história, das tradições e do imaginário do sertão nordestino como fonte inspiradora de criação em artes cênicas, literatura, música, dança e noutros processos de manifestação da alma indômita do artista nordestino;
2.4. Promover o encontro e a vivência entre atores de técnicos contemporâneos e mestres e brincantes de folguedos tradicionais, como laboratórios/oficinas de formação de atores e técnicos no que denominamos de “cena brincante”;
3. JUSTIFICATIVA:
A realização do Projeto “Comédia na Rua das Tradições” propõe o fortalecimento da tendência de valorizar a cultura tradicional popular nordestina como motivo nas variadas linguagens artísticas. Neste caso particular, na popularização de uma dramaturgia alinhada ao resgate e à difusão de tradições folclóricas, fundada na expressão do imaginário popular, nas lendas, nos causos, nas aventuras, na história, nos mistérios que habitam a alma afoita e brincante do sertanejo, cujo sangue saltitante se perpetua no riso e na dor, na graça e no sofrimento, na desventura e na esperança.
Outro ponto importante é a interação/vivência com as mais autênticas manifestações da cultura tradicional popular, numa espécie de reencontro cíclico de artistas contemporâneos com diversos mestres e brincantes portadores de sabedoria popular ancestral, celebrando a universalidade e a chama imortal que anima a verdadeira identidade do nosso povo.
O Projeto “Comédia na Rua das Tradições” também se justifica por beneficiar a comunidade regional com a facilidade de acesso a bens e serviços culturais de natureza popular, encontrando-se e reencontrando-se com e no seu próprio mundo, resultado que é da fusão de três mundos originais que nasceram de outros, revelando-nos o caráter universal de qualquer gesto humano.
4. AGENDA: CRATO-CE
MAIO/2010
- Dia 30 (domingo) – 19 horas – Distrito da Bela Vista (Vila Padre Cícero - Terreiro do Mestre Cirilo)
Espetáculo a “Comédia da Maldição”, da Cia. Cearense de Teatro Brincante, com a participação do Maneiro Pau do Mestre Cirilo.
JUNHO/2010
- Dia 05 (sábado) – 19 horas – Bairro Muriti (Terreiro do Mestre Dedé de Luna)
Espetáculo a “Comédia da Maldição”, da Cia. Cearense de Teatro Brincante, com a participação do Reisado Decolores Dedé de Luna do Muriti.
- Dia 09 (quarta-feira) – 19 horas – Bairro Gisélia Pinheiro (Batateiras)
Espetáculo a “Comédia da Maldição”, da Cia. Cearense de Teatro Brincante, com a participação do Coco das Mulheres da Batateiras.
- Dia 12 (sábado) – 20 horas – Praça da Sé
Espetáculo “A Comédia da Maldição”, da Cia. Cearense de Teatro Brincante, com a participação da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto.
5. SINOPSE:
Num pequeno povoado do interior nordestino, a linda jovem Ana Expedita, louca de paixão pelo Vigário Felizberto, vale-se de uma infalível simpatia para conquistar o coração do amado: serve-lhe café coado no fundo da calcinha. Com ele amancebada, é condenada à terrível maldição de virar Mula-sem-cabeça.
Sabendo da desgraça da filha, a rica viúva Fantina encarrega os homens da cidade da tarefa de descobrir como desfazer o encantamento e ganhar muita riqueza. É aí que Tandô, antigo namorado da viúva, se transforma em herói! Mas a menina não podia ver batina e...
6. FICHA TÉCNICA:
6.1. Atores/Personagens
Cacá Araújo: Tandô
Carla Hemanuela: Mãe Luzia
Charline Moura: Irmã Francilina
Jardas Araújo: Cantador
Joênio Alves: Dono da Bodega
Jonyzia Fernandes: Ana Expedita
Joseany Oliveira: Leide Zefa
Josernany Oliveira: Brincante da Mula
Lílian Carvalho: Beata Carmélia
Lorenna Gonçalves: Cibita
Márcio Silvestre: Vigário Felizberto
Mariana Nunes: Zulmira
Orleyna Moura: Viúva Fantina
Paula Amorim: Ladra
Paulo Henrique Macêdo: Fotógrafo Jorjão
Veylla Duarte: Padre Sebastião
6.2. Músicos
Lifanco (Viola) e elenco (percussão)
6.3. Participação Especial
Maneiro Pau do Mestre Cirilo da Bela Vista
Reisado Decolores Mestre Dedé de Luna do Muriti
Coco das Mulheres da Batateira
Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto
6.4. Técnica
Texto e Direção Geral: Cacá Araújo
Assistência de Direção: Orleyna Moura
Cenografia: França Soares
Sonoplastia: Cacá Araújo
Iluminação: Danilo Brito
Maquiagem: Carla Hemanuela e Joênio Alves
Figurino: Orleyna Moura e Carla Hemanuela
Guarda-Roupa: Luciana Ferreira
Operação de Som: Gabriela Melo
Operação de Luz: Danilo Brito
Música: Lifanco e Cacá Araújo
Produção Executiva: Mônica Batista
Produção Geral: Sociedade Cariri das Artes
7. APOIO:
Secretaria de Cultura do Município do Crato
Prefeitura Municipal do Crato
Secretaria de Cultura do Estado do Ceará
Governo do Estado do Ceará
Ministério da Cultura – Programa + Cultura / Cultura Viva
Governo Federal
Prefeituras e Secretarias de Cultura da região
Circo-Escola Alegria
Sociedade de Cultura Artística do Crato
Centro de Ativação Cultural Poeta Cego Aderaldo
Coletivo Camaradas
SATED-CE
Imprensa
Blogues
8. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA “A COMÉDIA DA MALDIÇÃO”:
Dramaturgia Matuta
Oswald Barroso, dramaturgo e encenador
Li o texto A Comédia da Maldição com atenção e interesse. Trata-se, ao meu ver, de uma dramaturgia matuta, correlata, portanto, à chamada poesia matuta, mais que à narrativa do cordel, embora tenha alguma coisa desta. Ou seja, o texto tem o espírito do gracejo e do imaginário sertanejo, seu dialeto e seu humor. Só um autor que tenha familiaridade com esta cultura matuta seria capaz de escapar ao folclorismo, ao pitoresco e à imitação depreciativa, tão usual entre os que se arriscam neste caminho. Cacá Araújo consegue. Seu conhecimento da linguagem do causo, da lenda, da estória popular sertaneja, o coloca no rastro de um Patativa do Assaré ou de um Zé da Luz, para falar apenas nos que fizeram uma boa poesia matuta. Assim, Cacá consegue um texto, ao mesmo tempo surpreendente e cheio de espírito, que sugere uma encenação deliciosa, qualidade que imagino iluminada por sua condição de ator/encenador. No final, nada de chave de ouro, moralidade fundamentalista, o castigo punitivo, mas a abertura para novas peripécias, o que dá ao texto um sabor de coisa nova, sinais de modernidade. Nem com os castigos do céu, Ana se emendou e já se arrisca em uma nova transgressão, de olho na batina do padre que faz o casório. Tal desfecho nem no cordel estava previsto.
Verso, Métrica, Rima e Inspiração
Josenir Alves de Lacerda, cordelista
“A Comédia da Maldição”, peça teatral de Cacá Araújo, chegou-me de forma inusitada, surpreendente como chegam os presentes especiais. E foi um maravilhoso presente que recebi e de imediato usufruí saboreando cada cena.
Se alguém me perguntar se assisti a esta peça, vou responder que sim, sem medo de estar mentindo, pois realmente a “assisti” da forma mais completa com a força plena da imaginação. Ao ler o texto, não fui apenas leitora ou expectadora de platéia... Invadi o palco e misturei-me aos personagens, rindo, chorando e me deixando envolver pela emoção de cada um, tal a força da veracidade que me invadiu. Senti em cada personagem a incorporação do próprio autor, que tal qual pai extremoso e dedicado repassa aos filhos com energia e amor, princípios e ensinamentos.
De parabéns Cacá pelo tema, de essência telúrica, valorizando as nossas raízes, o nosso povo, a nossa crença, resgatando essa cultura tão rica e tão nossa. Como se isso não bastasse, ele ainda põe em tudo isso o toque mágico da poesia e oferece um verdadeiro espetáculo de verso, métrica, rima e inspiração.
Saúdo com louvor o poeta, o escritor, o teatrólogo e tantas outras referências sintetizadas na figura polivalente de Cacá Araújo, cuja trajetória conheço e assisto agora em mais uma realização.
Resgate das Tradições
Lia Machado e Estela Piancó, professoras
O Nordeste brasileiro é rico na sua cultura, em virtude da capacidade de perpetuar lendas e mitos onde se misturam crenças as mais diversas.
Conhecedor profundo e amante dedicado de tão preciosa cultura, o autor Cacá Araújo tem dado provas de trabalhador incansável na luta pela preservação, valorização e divulgação dos nossos costumes. Assim é que ele nos premia, mais uma vez, com uma obra da mais fina qualidade.
A peça, intitulada “A Comédia da Maldição”, é popular e profana justamente por tratar da cultura popular do nosso Nordeste, não reverenciando os interesses burgueses, e por poder ser representada onde o povo pode estar: praças, escolas, parques...
O autor expressa a história com tal valor e graça que a torna digna da apreciação de todos, sejam intelectuais ou pessoas simples. Narrada em versos populares (sextilhas, quadras, moirões, decassílabos), todos cuidadosamente metrificados, a peça representa tipos humanos bem demarcados na cultura nordestina: beatas, padres, ciganos, caboclos, cantador, quenga, o bêbado de bodega, umbandistas, católicos, fotógrafos de lambe-lambe, violeiros, tocadores de pífanos e zabumbeiros.
O autor mescla, ainda, tipos extraídos do cotidiano, estereotipados dos vários segmentos sociais, com tipos fantásticos, originários da imaginação popular (mula-sem-cabeça), da religiosidade mítica através de santos, anjos e demônios que simbolizam o Bem e o Mal.
A poesia do texto se expressa em todo o seu teor pelas emoções e linguagem das personagens, dando um colorido quente e humano, bem-humorado, com características próprias do sertão cearense.
“A Comédia da Maldição” é, portanto, um texto que reúne, no seu conjunto, o resgate das tradições de contos pitorescos e a legitimação do poder do imaginário popular na formação do homem.
9. HISTÓRICO DO GRUPO:
9.1. Resumo
Em 2005, quando das primeiras investidas em pesquisa e encenação de dramaturgia alinhada à cultura tradicional popular, resultando na criação e encenação da peça teatral centralizada no mito da Mula-sem-cabeça,“A Comédia da Maldição”, de Cacá Araújo, a Cia. Cearense de Teatro Brincante, órgão da Sociedade Cariri das Artes, dá a partida no funcionamento da instituição.
Tendo as artes cênicas como principal atividade, atua como “instrumento de pesquisa e encenação de espetáculos teatrais inspirados nas tradições populares e folclóricas” (Alínea XII, Art. 5º, Cap. II, do Estatuto). Eis, então, que, os anos de 2006/2007 marcaram o aprofundamento no estudo dos mitos e dedicação à elaboração de narrativas dramatúrgicas de mais dois textos, desta feita tendo como centro os mitos do Lobisomem e a Caipora, respectivamente, sendo este último contemplado no texto “A Donzela e o Cangaceiro” (premiado pela Bolsa Funarte de Estímulo à Dramaturgia 2007), finalizado em 2008. Ainda em 2007, inspirado no poema de domínio público, de origem medieval lusitana, O Romance de Clara Menina com Dom Carlos de Alencar, musicado por Antônio Nóbrega, foi criado o texto “O Pecado de Clara Menina”, seguindo linha brincante e caricata, passeando pela Comédia Del’Arte e pelas matreirices sertanejas, abordando as relações de poder e os “pecados”, segundo o catolicismo. “As presepadas de Zé Ozébe”, também criado em 2007, teve inspiração no romanceiro e “causos” populares, especialmente no cordel “A história do cavalo que defecava dinheiro”, de Leandro Gomes de Barros. “O Mapa da Botija”, comédia infantil de aventura criada em 2009, evidencia o mito do “Papa-Figo”, lendas regionais e histórias de botija. Criou, também, textos que abordam temática urbana contemporânea, destacando-se: “Monólogos das Flores Violadas” (2008), baseado em reportagens sobre casos de exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais do Ceará; e “Lágrimas no papel” (2008), inspirado na história da militante comunista Helenira Resende, assassinada pela repressão militar na Guerrilha do Araguaia em 1972.
A Cia. Cearense de Teatro Brincante / Sociedade Cariri das Artes é hoje Ponto de Cultura Brasil (Minc/Secult-CE), selecionada com o projeto CENA BRINCANTE em 2008/2009, atuando no desenvolvimento de dramaturgia voltada às tradições populares e também na formação de atores e técnicos a partir da gestualidade, do ritmo, da música, do imaginário e da performance dos folguedos, lendas e mitos nordestino-universais.
Como é o resultado concreto da necessidade de pesquisar, desenvolver e difundir a cultura tradicional popular cearense, nordestina e brasileira, tem uma relação muito estreita com e na comunidade de mestres e brincantes de todo o município e região, artistas de variadas linguagens e modalidades, estudantes de escolas públicas e privadas, universitários, intelectuais, movimentos populares e povo em geral. Está localizada no centro da cidade do Crato-CE, com atuação nas praças, comunidades de cultura popular e em teatros locais.
9.2. Atividades:
9.2.1. Principais atividades culturais desenvolvidas pela Instituição:
TEATRO: Pesquisa, dramaturgia e encenação de espetáculos com estética popular-sertaneja;
CIRCO: Performance circense; Oficinas de malabares, perna-de-pau, balé aéreo e maquiagem artística;
FOLCLORE: Pesquisa; Festas Populares, como a Malhação de Judas;
COLABORACIONISMO: Apoio a grupos e instituições congêneres.
9.2.2. Projetos em andamento:
CENA BRINCANTE: pesquisa, dramaturgia, formação de atores e técnicos, montagem de espetáculos
O PECADO DE CLARA MENINA: espetáculo teatral em cartaz
A COMÉDIA DA MALDIÇÃO: espetáculo teatral em cartaz, nas modalidades palco à italiana e rua
A DONZELA E O CANGACEIRO: espetáculo teatral selecionado no VI Edital de Incentivo às Artes do Governo do Estado do Ceará (em processo montagem)
O MAPA DA BOTIJA: espetáculo teatral infantil (em processo de montagem)
AS PRESEPADAS DE ZÉ OZÉBE: espetáculo teatral (em processo de montagem)
CIRCO DO SOPÉ: projeto selecionado no Edital Microprojetos + Cultura, realizado pelo Circo-Escola Alegria (em andamento)
COMÉDIA NA RUA DAS TRADIÇÕES: circuito de espetáculos da Cia. Cearense de Teatro Brincante, na modalidade “teatro de rua”, cujos temas são inspirados no universo da cultura tradicional popular; e integração/vivência com mestres e brincantes
Crato-CE, maio do ano 2010.
Cacá Araújo
Diretor
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