O “barman” Abidoral e Salatiel, o mentor do espaço
O Abidoral em questão é o mais conhecido abidoral do Crato: Abidoral Rodrigues Jamacaru Filho, cantor e compositor, projetado a partir dos festivais de música que aconteceram na cidade por toda década de 1970.
Pois bem, Abidoral já teve um barzinho, em sociedade com o também músico cratense Calazans Callou. O bar durou pouco, acho que no máximo um ano, mas propiciou momentos aprazíveis e boas e risíveis histórias.
Era 1985, um ano bom. Abidoral foi incentivado por Luiz Carlos Salatiel a ser um empreendedor. Calazans, que na época trabalhava no Bamerindus, topou dividir os duros afazeres deste complicado ramo comercial. A ideia de Salatiel era pragmática: como era impossível sobreviver de música no Cariri naqueles anos da chamada “década perdida” da economia brasileira (permeada de inflação, pacotes heterodoxos de choques econômicos, falta de incentivo à cultura, inexistência de espaços e mercados para o artista local etc), então o jeito era construir uma alternativa que aliasse negócio e diversão. Um bar, por isso, seria o empreendimento ideal.
Calazans, que conhecia os distribuidores de bebida da região, conseguiu o fornecimento de forma consignada. O espaço escolhido foi o Bar das Anas, como era conhecido o bar mantido por Ana Cássia e Ana Leonel, que estavam deixando o ramo, localizado no conjunto Padre Cícero, bem próximo da divisa Crato-Juazeiro.
Para a rapaziada que estava órfã de um point alternativo, foi um presentaço. O local era super-agradável, bastante ventilado, amplo, visto que havia um terrenão baldio ao lado, e muito acessível. Para queles que não tinham automóveis, a grande maioria, a solução era pegar o busão da Viação Brasília e saltar bem na porta do bar.
O nome do bar não poderia ser outro – Bar de Abidoral – batizado que foi pelo senso comum da galera. Nem adiantaria colocar, por exemplo, “Espaço Cultural Avallon”, pois não pegaria. A rapeize prontamente dizia: vamos pro Bar de Abidoral, e pronto!
Além da bebida e do peixe frito, o outro principal prato da casa era, lógico!, música: refinado som ambiente e excelente música ao vivo. Todas as sextas e sábados, um espetáculo. Foram antológicas, por exemplo, as apresentações da Banda Cariri (leia-se João do Crato, Manel D’Jardim, Cacheado, Cleivan Paiva, Borís, Nivando, Paulo Lobo e Iran, respectivamente no vocal, baixo, bateria, guitarra, baixo, sax, trombone e piston).
Na parede externa, o pintor Romildo Alves fez um painel retratando as figuras que frequentavam o bar: artistas das mais diversas especialidades e os contumazes boêmios. Além, é claro!, de Abidoral, imagens caricaturizadas de Geraldo Urano, a la filósofo grego, e Zadinha, retratado de véu e grinalda. Zadinha, apelido do artesão Osvaldo Filho, foi a noiva da única e inesquecível quadrilha junina que o Bar de Abidoral realizou. O noivo foi Monquinha Cabral.
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