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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A RESISTENCIA NEGRA NO BRASIL – DA ESCRAVIDÃO A PALMARES

A ESCRAVIDÃO
No Brasil, o vergonhoso regime de escravidão de negros perdurou por mais de 3 séculos levando os negros trazidos prisioneiros do continente africano a serem tratados como bichos. A serem vistos como raça inferior e, por isso, tratados à chibata. Humilhante; é como podemos caracterizar a condição de vida a que eram submetidos os negros. O regime tinha como protagonista mor os grandes proprietários de terras no país, políticos, nobres e a Igreja Católica travestida de benfazeja a salvar a alma daqueles pobres pretos do fogo do inferno pela submissão a que estavam submetidos. “era da vontade de Deus”, diziam eles.

Mas que Deus é esse que não me poupa de sofrimentos? Talvez fosse essa a grande dúvida dos negros cujas relações com os escravocratas, senhores de engenhos e a população branca em geral, em momento algum teve a menor possibilidade de ser pacífica. As fugas, as rusgas entre negros e feitores, as lutas pela liberdade sempre permearam essa relação nem sempre amistosa.

O sonho de liberdade era alimentado diuturnamente. Os negros se utilizaram de armas nem sempre comuns à época. Eram comuns os métodos violentos utilizados pelos dois lados, o branco opressor e o negro oprimido. Não foram incomuns as lutas e mortes de negros valentes, a morte de feitores cruéis e os incêndios às fazendas e grandes plantações, e até mesmo a morte de coronéis e grandes proprietários de escravos. Tudo protagonizado por escravos que, também, recorriam às forças espirituais.

A RESISTÊNCIA
As insurreições negras escreveram uma das mais heróicas páginas da história do Brasil. Não foram poucas. Tivemos duas insurreições negras importantes neste período: A Revolta de Búzios, em 1798, e a Revolta dos Malês que aconteceu na Bahia no ano de 1835. Os Malês pregavam nesta revolta o lema: “Morte aos Brancos, viva os nagôs!”

Toda essa luta despertou a simpatia de poetas, intelectuais, jornalistas, juristas, professores e de parte da sociedade civil que iniciaram no Brasil o movimento abolicionista que pregava aos quatro cantos a libertação dos escravos e a extinção do regime de escravidão no país.

O instinto guerreiro, a determinação e a busca pela sonhada liberdade, levaram os negros a desenvolverem técnicas de lutas, como a capoeira, a se aventurarem em fugas espetaculares e a formar sociedades negras em meio à mata, longe dos brancos opressores, em comunidades que chamaram de quilombos. Lá sim, eles tinham paz e liberdade. Lá eles podiam se ver como “GENTE”.

Segundo alguns pesquisadores, essas comunidades foram organizadas aqui no Brasil principalmente por negros da etnia Bantu. Segundo eles eram comuns esses tipos de organização social nos territórios Bantus na África. E foram muitos os Quilombos. O mais importante deles foi, sem dúvida, o Quilombo de Palmares.

PALMARES
Formado por escravos fugidos de grandes fazendas do Nordeste, Palmares foi organizado na Serra da Barriga, à época, localizada na Capitania do Pernambuco. No lugar onde hoje está encravado o município de União dos Palmares-AL. As primeiras noticias de Palmares dão conta em 1580. Nos 50 anos seguintes a Corte Portuguesa se embrenhava em refregas culminando com a invasão Holandesa à Capitania do Pernambuco em 1624/1625 e 1630/1654.

A comunidade passou a ser conhecida e comentada entre a população. Também entre o Governo que optou em principio pela neutralidade. Talvez esperando a hora do revés covarde. Palmares já se consolidava como o maior símbolo da resistência e superação negra no Brasil.

Foram anos nos quais Palmares se firmou como território negro, politicamente e socialmente organizado. Para lá se dirigiam todos aqueles que se sentiam à margem da sociedade de antanho. No entanto, a sua população era em sua esmagadora maioria, formada por escravos fugidos e negros forros ciosos por estabelecer o sonhado território negro do Brasil.

A fuga dos senhores de engenhos durante as invasões holandesas possibilitou a fuga em massa de um grande contingente de negros cativos. Como já conheciam a história, estes tomaram o rumo de Palmares que experimentou um crescimento incomum, chegando a somar em seu território cerca de 20 mil pessoas em 1670, e chegou a ocupar uma área próxima à área de Portugal. À época, Palmares foi organizada em “MOCAMBOS” (espécie de povoados, geralmente formados por indivíduos do mesmo grupo étnico). Os principais foram: Macaco - o maior, centro político do quilombo, contando com cerca de 1.500 habitações; Subupira - centralizava as atividades militares, contando com cerca de 800 habitações; e dois menos populosos; Zumbi e Tabocas.

Difícil imaginar uma paz entre negros e europeus neste ambiente. As investidas Portuguesas e Holandesas foram muitas. Palmares resistiu por aproximadamente 100 anos às investidas que lhe foram impostas pela supremacia branca. Conta-se que no ano de 1678 o Líder de Palmares GANGA ZUMBA, foi procurado pelo então Governador da Capitania de Pernambuco que propôs a paz, com a liberdade de todos os negros e escravos que fugiram para Palmares. A condição era de que todos se rendessem à autoridade portuguesa.

A proposta foi aceita pelo líder Ganga Zumba mas, foi rejeitada pelo seu sobrinho, ZUMBI, um negro forro que fora tirado de sua comunidade e entregue aos cuidados de um Padre Português. Aos quinze anos, consegue fugir e volta a morar com os seus. Na oportunidade ZUMBI desafiou a autoridade de Ganga Zumba, não aceitou a proposta do Governo Português e promoveu uma rebelião no Quilombo, na qual destronou Ganga Zumba e assumiu a liderança de Palmares.

A perseguição a ZUMBI e os remanescentes que o seguiram, prosseguiu por mais de vinte anos. O bandeirante Domingos Jorge Velho foi destacado para dar cabo à luta. Sob o seu comando, Palmares foi atacado e destruído por um contingente de cerca de 9 mil homens no inicio do ano de 1694.

Zumbi, ferido, consegue fugir com alguns heróicos e destemidos remanescentes e procura manter a resistência durante quase dois anos. Mas, abatido e traído por um dos seguidores, foi morto no dia 20 de novembro de 1695, tendo sua cabeça cortada e exposta ao público em Recife-PE.

A história de Palmares, os exemplos de valentia, determinação,a resistência,a busca de soberania e o poder de superação, permanecem vivos na memória do Brasil.

Wilton Dedê


Fontes de pesquisa:
Wikipédia.org
www.vidaslusofonas.pt
www.palmares.gov.br
www.brasilescola.com
Zumbi - Autor: Neto Jobim, Ruy - Editora: Bentivegna
Barbosa, José Carlos. Zumbi dos Palmares: o rei negro do Brasil. Imprensa, Ribeirão Preto: 2003

2 comentários:

  1. Olá Jose Carlos Barbosa

    Estamos produzindo um maravilhoso projeto de seriado para Web TV, voltado para o elenco afro-brasileiros. E Gostaria de pode contar com seu espaço e sua divulgação. Dando visibilidade ao artista negro na mídia, que é sempre esquecido e discrimanado.

    Caso tenha interesse posso encaminhar um breve relese do projeto para seu e-mail?

    Att. Priscilla Franco
    priferreirafranco@yahoo.com.br
    (11)7034-3488

    Agradecida!!!

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  2. Eu queria que voces colocarem um pouco de formas de resistenia escrava.obg.

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