Gabriela é uma viajante, uma cidadã do mundo, com uma sensibilidade e inquietação aflorada que descobriu há alguns anos a cidade do Crato - CE (localizada no espiritual Estado do Cariri) e um dos seus empreendimentos foi o Olhar Casa das Artes, uma espécie de casa de convivência entre público e artistas. Essa peregrina da arte é uma das principais restauradoras de peças artísticas da cidade do Crato.
Alexandre Lucas - Quem é Maria Gabriella Federico?
Maria Gabriela Federico - Sou profissional da área de restauração e gosto muito da profissão que escolhi; por isso me dedico ao trabalho com fervor e emoção. Gosto da diversidade, a humanidade me fascina. Sou uma observadora atenta a tudo e a todos, principalmente no que diz respeito à cultura e as artes. No campo das artes, gosto da pintura, da escultura, da música, do teatro, do cinema, etc. Procuro me rodear do belo no tocante a arte e da amizade no relacionamento com as pessoas. Sou caseira e muito ativa. Não consigo ficar um instante sem fazer algo, sempre procuro me ocupar: seja organizando a casa, cozinhando, restaurando, lendo, ouvindo música, etc. Esse comportamento dinâmico, meu filho, o trabalho e os amigos me dão forças para ter uma vida equilibrada e a medida do possível feliz. Sou também uma colecionadora compulsiva: gosto de sapatos – ás vezes me sinto a Imelda Marques … aquela das Philipinas (risos). Coleciono também livros, esculturas, pinturas, fotografias. Sou uma pessoa alegre e parecida com tantas outras. Como diria Rita Lee: “Uma pessoa comum, um filho de Deus… remando contra a maré” só que acreditando nas pessoas e com muita Fé !!
Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?
Maria Gabriela Federico - Há um bom tempo. Desde minha infância na Itália. O trabalho com Restauração começou na minha adolescência.
Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?
Maria Gabriela Federico - O meu trabalho tem influência do trabalho de meus mestres restauradores da Itália. A arte do Império Romano Antigo, do Renascimento Italiano, do Maneirismo, do Barroco e do Rococó com há qual muito convivi em Roma, também tem reflexo no meu trabalho.
Alexandre Lucas - Como você se tornou restauradora?
Maria Gabriela Federico - Quando terminei meus estudos na Academia de Artes em Roma, ainda não tinha clareza de qual profissão seguir. Minha mãe trabalhava com alta costura e tinha conhecidos no “mundo da moda italiana”, com isso comecei a fotografar na Itália para empresas particulares e para álbuns de modelos. Naquela época eu fotografava com máquinas analógicas, e o custo com películas fotográficas, viagens e estadias, me fez perceber que tinha mais despesas que lucro em essa profissão. A concorrência acirrada, também me afastou da profissão de fotógrafa. Voltei para as artes decorativas. Como já trabalhava com cerâmica, comecei a decorar peças de barro cozido, com pigmentos coloridos para forno. Também fui monitora de artes para doentes mentais em um consultório psiquiátrico e em um abrigo para crianças abandonadas.
Tempos depois conheci uma restauradora renomada em Roma que me convidou para trabalhar em seu atelier. Com quatro meses de trabalho já dirigia restaurações de afrescos em prédios históricos – responsabilidade a mim concedida por minha “Maestra”. Havia muito trabalho e ela confiava na minha aptidão ao trabalho de restauro.
Mais adiante, fiz cursos de aperfeiçoamento em escolas de artes particulares. Fiz cursos de estética e história da arte, técnicas e materiais de restauração, restauração de esculturas, restauração de afrescos, decoração em falsos mármores, aplicação de folhas de ouro e prata em objetos artísticos, técnicas de pintura, etc. Trabalhei em uma dessas escolas como restauradora exclusiva por dois anos. Em seguida abri minha própria firma de restauração em Roma.
Alexandre Lucas - A restauração possibilita para você um contato com a história dos lugares?
Maria Gabriela Federico - Sim, muito! Por exemplo, restaurei aqui no Crato, há alguns anos atrás, a imagem da padroeira da Cidade – Nossa Senhora da Penha. Símbolo maior da comunidade Católica do Crato. O Crato Nasceu de uma Missão Católica vinda de Pernambuco para se fincar num aldeamento indígena na região. Os capuchinhos que aqui chegaram trouxeram a devoção de Nossa Senhora. Portanto quando restauro um símbolo de devoção popular de longa data, entro em contato com a história do lugar.
Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória como restauradora?
Maria Gabriela Federico - Todos nascemos com uma determinada aptidão, às vezes a desenvolvemos, às vezes não. Quando pequena, eu recolhia cacos de cerâmicas quebrados de algumas coisas na cozinha, tinha seis anos e colava as partes diretinho, lembro-me que já entendia que se tivesse uma cor para complementar a pintura, a rachadura seria disfarçada, era uma brincadeira que me dava prazer. Tudo o que fiz me serviu de preparação profissional. Descobri isso, tempos depois, e por acaso.
Trabalhei com restauração (Afrescos) na Italia: Roma, Napolis, Frascati (Interior do Lazio) Milão e Torino. Outros lugares foram Barcelona, Creta e Ginevra, sempre trabalhei intensamente, até mesmo nas férias, pois não consigo ficar parada.
Aqui no Brasil cheguei no ano 1996. Mas de inicio não trabalhei com restauração, porque meu filho era muito pequeno e resolvi me dedicar a ele. Mas, depois de um tempo, abri um espaço comercial em Santa Maria no Rio Grande do Sul que era meu atelier. Os meus clientes eram antiquários e colecionadores de arte. No ano 2000 trabalhei para prefeitura do Rio de Janeiro com restauração de painéis de azulejos portugueses. Depois, fui a São Paulo, na cidade de Pindamonhangaba e finalmente em Vitória, no Espírito Santo onde fiz vários trabalhos na minha área de atuação. Voltei para o Sul e de lá vim para o Nordeste. Primeiro Fortaleza onde trabalhei para o IPHAN e depois me estabeleci aqui no Crato. Vim para o Crato para restaurar a imagem de Nossa Senhora da Penha na Igreja Matriz. Por essa terra me apaixonei e aqui estou até hoje: sempre restaurando e me aperfeiçoando nesta arte.
Alexandre Lucas - Quem mais restaura no Brasil?
Maria Gabriela Federico - Quem mais restaura são os restauradores contratados pelo governo Federal, principalmente a serviço do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Outros que contratam serviços de restauradores são: Antiquários, Museus, Igrejas – principalmente a Igreja Católica, Institutos do Patrimônio Histórico de alguns estados da federação e alguns setores da iniciativa privada.
Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?
Maria Gabriela Federico - A arte está atrelada as relações humanas. Conseqüentemente é fruto dessas relações. Estas relações podem ser históricas, políticas, sociais, etc. Então, no meu entender, a arte não está desvinculada da política.
Alexandre Lucas - Quais as principais dificuldades técnicas encontradas pelo restaurador?
Maria Gabriela Federico - Algumas, principalmente a falta, aqui na região, de materiais adequados para o restauro. Grande parte do meu material de trabalho tenho que comprar em grandes centros comerciais como São Paulo. Outras dificuldades podem surgir, mas tento sempre contorná-las usando minha criatividade. No meu trabalho tento me espelhar nas regras impostas pelo IPHAN de acordo com normas internacional com a utilização de materiais reversíveis nas restaurações: colas animais, pigmentos naturais de qualidade superior, resinas de fácil remoção.
Alexandre Lucas - Quais seus próximos trabalhos?
Maria Gabriela Federico - Espero contribuir com a preservação do patrimônio artístico do Cariri. Desejo restaurar sempre com qualidade e dedicação.
Alexandre Lucas - Quem é Maria Gabriella Federico?
Maria Gabriela Federico - Sou profissional da área de restauração e gosto muito da profissão que escolhi; por isso me dedico ao trabalho com fervor e emoção. Gosto da diversidade, a humanidade me fascina. Sou uma observadora atenta a tudo e a todos, principalmente no que diz respeito à cultura e as artes. No campo das artes, gosto da pintura, da escultura, da música, do teatro, do cinema, etc. Procuro me rodear do belo no tocante a arte e da amizade no relacionamento com as pessoas. Sou caseira e muito ativa. Não consigo ficar um instante sem fazer algo, sempre procuro me ocupar: seja organizando a casa, cozinhando, restaurando, lendo, ouvindo música, etc. Esse comportamento dinâmico, meu filho, o trabalho e os amigos me dão forças para ter uma vida equilibrada e a medida do possível feliz. Sou também uma colecionadora compulsiva: gosto de sapatos – ás vezes me sinto a Imelda Marques … aquela das Philipinas (risos). Coleciono também livros, esculturas, pinturas, fotografias. Sou uma pessoa alegre e parecida com tantas outras. Como diria Rita Lee: “Uma pessoa comum, um filho de Deus… remando contra a maré” só que acreditando nas pessoas e com muita Fé !!
Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?
Maria Gabriela Federico - Há um bom tempo. Desde minha infância na Itália. O trabalho com Restauração começou na minha adolescência.
Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?
Maria Gabriela Federico - O meu trabalho tem influência do trabalho de meus mestres restauradores da Itália. A arte do Império Romano Antigo, do Renascimento Italiano, do Maneirismo, do Barroco e do Rococó com há qual muito convivi em Roma, também tem reflexo no meu trabalho.
Alexandre Lucas - Como você se tornou restauradora?
Maria Gabriela Federico - Quando terminei meus estudos na Academia de Artes em Roma, ainda não tinha clareza de qual profissão seguir. Minha mãe trabalhava com alta costura e tinha conhecidos no “mundo da moda italiana”, com isso comecei a fotografar na Itália para empresas particulares e para álbuns de modelos. Naquela época eu fotografava com máquinas analógicas, e o custo com películas fotográficas, viagens e estadias, me fez perceber que tinha mais despesas que lucro em essa profissão. A concorrência acirrada, também me afastou da profissão de fotógrafa. Voltei para as artes decorativas. Como já trabalhava com cerâmica, comecei a decorar peças de barro cozido, com pigmentos coloridos para forno. Também fui monitora de artes para doentes mentais em um consultório psiquiátrico e em um abrigo para crianças abandonadas.
Tempos depois conheci uma restauradora renomada em Roma que me convidou para trabalhar em seu atelier. Com quatro meses de trabalho já dirigia restaurações de afrescos em prédios históricos – responsabilidade a mim concedida por minha “Maestra”. Havia muito trabalho e ela confiava na minha aptidão ao trabalho de restauro.
Mais adiante, fiz cursos de aperfeiçoamento em escolas de artes particulares. Fiz cursos de estética e história da arte, técnicas e materiais de restauração, restauração de esculturas, restauração de afrescos, decoração em falsos mármores, aplicação de folhas de ouro e prata em objetos artísticos, técnicas de pintura, etc. Trabalhei em uma dessas escolas como restauradora exclusiva por dois anos. Em seguida abri minha própria firma de restauração em Roma.
Alexandre Lucas - A restauração possibilita para você um contato com a história dos lugares?
Maria Gabriela Federico - Sim, muito! Por exemplo, restaurei aqui no Crato, há alguns anos atrás, a imagem da padroeira da Cidade – Nossa Senhora da Penha. Símbolo maior da comunidade Católica do Crato. O Crato Nasceu de uma Missão Católica vinda de Pernambuco para se fincar num aldeamento indígena na região. Os capuchinhos que aqui chegaram trouxeram a devoção de Nossa Senhora. Portanto quando restauro um símbolo de devoção popular de longa data, entro em contato com a história do lugar.
Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória como restauradora?
Maria Gabriela Federico - Todos nascemos com uma determinada aptidão, às vezes a desenvolvemos, às vezes não. Quando pequena, eu recolhia cacos de cerâmicas quebrados de algumas coisas na cozinha, tinha seis anos e colava as partes diretinho, lembro-me que já entendia que se tivesse uma cor para complementar a pintura, a rachadura seria disfarçada, era uma brincadeira que me dava prazer. Tudo o que fiz me serviu de preparação profissional. Descobri isso, tempos depois, e por acaso.
Trabalhei com restauração (Afrescos) na Italia: Roma, Napolis, Frascati (Interior do Lazio) Milão e Torino. Outros lugares foram Barcelona, Creta e Ginevra, sempre trabalhei intensamente, até mesmo nas férias, pois não consigo ficar parada.
Aqui no Brasil cheguei no ano 1996. Mas de inicio não trabalhei com restauração, porque meu filho era muito pequeno e resolvi me dedicar a ele. Mas, depois de um tempo, abri um espaço comercial em Santa Maria no Rio Grande do Sul que era meu atelier. Os meus clientes eram antiquários e colecionadores de arte. No ano 2000 trabalhei para prefeitura do Rio de Janeiro com restauração de painéis de azulejos portugueses. Depois, fui a São Paulo, na cidade de Pindamonhangaba e finalmente em Vitória, no Espírito Santo onde fiz vários trabalhos na minha área de atuação. Voltei para o Sul e de lá vim para o Nordeste. Primeiro Fortaleza onde trabalhei para o IPHAN e depois me estabeleci aqui no Crato. Vim para o Crato para restaurar a imagem de Nossa Senhora da Penha na Igreja Matriz. Por essa terra me apaixonei e aqui estou até hoje: sempre restaurando e me aperfeiçoando nesta arte.
Alexandre Lucas - Quem mais restaura no Brasil?
Maria Gabriela Federico - Quem mais restaura são os restauradores contratados pelo governo Federal, principalmente a serviço do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Outros que contratam serviços de restauradores são: Antiquários, Museus, Igrejas – principalmente a Igreja Católica, Institutos do Patrimônio Histórico de alguns estados da federação e alguns setores da iniciativa privada.
Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?
Maria Gabriela Federico - A arte está atrelada as relações humanas. Conseqüentemente é fruto dessas relações. Estas relações podem ser históricas, políticas, sociais, etc. Então, no meu entender, a arte não está desvinculada da política.
Alexandre Lucas - Quais as principais dificuldades técnicas encontradas pelo restaurador?
Maria Gabriela Federico - Algumas, principalmente a falta, aqui na região, de materiais adequados para o restauro. Grande parte do meu material de trabalho tenho que comprar em grandes centros comerciais como São Paulo. Outras dificuldades podem surgir, mas tento sempre contorná-las usando minha criatividade. No meu trabalho tento me espelhar nas regras impostas pelo IPHAN de acordo com normas internacional com a utilização de materiais reversíveis nas restaurações: colas animais, pigmentos naturais de qualidade superior, resinas de fácil remoção.
Alexandre Lucas - Quais seus próximos trabalhos?
Maria Gabriela Federico - Espero contribuir com a preservação do patrimônio artístico do Cariri. Desejo restaurar sempre com qualidade e dedicação.
Não entendi porque visionaria. A Casa das artes era um espaço ande existia uma visão, um "olhar" de comunicação entre pessoas através das artes e não somente com palavras. Este conceito nasce da necessidade, da humanidade se entender melhor, entrar em acordo sobre o significado dos termos que identificam sentimentos e assoes. Isso porque o ser humano com o tempo foi modificando a vida e os conceitos e isso cria confusão espécie por os jovens que acabam se sentindo inseguros com as relativas consequências das inseguranças.
ResponderExcluirAmada irmã Gabi
ResponderExcluirMande teu mail para mim
uldasantos9@hotmail.com
Te amo,
beijos
Ulda
Adorei ver Crato!