Nessa vida viajante
Declamando poesia
Num lugarzinho distante
Eu cheguei um certo dia
Para uma apresentação
E antes da preparação
Do palco pra brincadeira
Eu saí perambulando
Pela rua observando
O movimento da feira
A feira era pequenina
Como todas do sertão
Porém olhei pra uma esquina
Que me chamou atenção
Onde um branco incrementado
Estava ali instalado
Cheio de mercadoria
E assim com muita classe
De tudo que procurasse
Naquele banco vendia
Eu fui perto observar
Pra fazer a descrição
E também examinar
Pra que tivesse noção
De todo esse disparate
No banco tinha: alicate
Prego, martelo, ponteira
Pinhão, bodoque, chocalho
Pimenta do reino, alho
Foice, enxada e baladeira
Tinha corda de laçar
Espora, sela, gibão
Pote, gamela, alguedar
Machado, ancinho, facão
Sapólio pra lavar prato
Tinha veneno pra rato
Chicote e chapéu de couro
Feijão de corda, pimenta
Hóstia, terço e água benta
Anel e cordão de ouro
Vassoura, cabo de enxada
Caco pra torrar café
Rapadura, arroz, cocada
Rosário de catolé
Roupas de mescla ou de linho
Gaiola pra passarinho
Bucha e barra de sabão
Cavalo de pau, carrinho
Urupema, cana, vinho
Cangalha e carro de mão
Chá de toda qualidade
Para curar qualquer mau
E nessa variedade
Tempero, colher de pau
Remédio para coceira
Babosa erva cidreira
Erva doce e capim santo
Estando contaminado
Tinha oração pra olhado
Pra feitiço e pra quebranto
Vi ralo pra ralar milho
Balaio e caçuá
Goma pra fazer sequilho
Tapioca, mungunzá
Broa, bolacha, banana
Garapa, caldo de cana
Gergelim e grão-de-bico
Blusa, sutiã, calcinha
Cueca, calça, tanguinha
Absorvente e pinico
Tinha loção pra cabelo
Pente, ataca e marrafa
Suco com raspa de gelo
Anzol, jereré, tarrafa
Remédio pra dor de dente
E mordida de serpente
Se acaso fosse atacada
A vaca a cabra ou a galinha
Lá no banco também tinha
Uma corrêa curada
Porém eu fiquei pasmado
E vou relatar o assunto
Quando alguém disse: Seu Nado
Vende caixão de defunto??
Ele disse, não vendia
Mas depende da quantia
Que eu resolvo isso ligeiro
E se o seu caso é urgente
Eu irei rapidamente
Contratar um marceneiro
Daquele dia em diante
Seu Nado firmou contrato
Com o marceneiro, e garante
Não faltar esse artefato
Pra comercializar
Se acaso alguém precisar
Dessa mala de madeira
Pra partir pra eternidade
Vai encontrar na verdade
Naquele banco de feira
Declamando poesia
Num lugarzinho distante
Eu cheguei um certo dia
Para uma apresentação
E antes da preparação
Do palco pra brincadeira
Eu saí perambulando
Pela rua observando
O movimento da feira
A feira era pequenina
Como todas do sertão
Porém olhei pra uma esquina
Que me chamou atenção
Onde um branco incrementado
Estava ali instalado
Cheio de mercadoria
E assim com muita classe
De tudo que procurasse
Naquele banco vendia
Eu fui perto observar
Pra fazer a descrição
E também examinar
Pra que tivesse noção
De todo esse disparate
No banco tinha: alicate
Prego, martelo, ponteira
Pinhão, bodoque, chocalho
Pimenta do reino, alho
Foice, enxada e baladeira
Tinha corda de laçar
Espora, sela, gibão
Pote, gamela, alguedar
Machado, ancinho, facão
Sapólio pra lavar prato
Tinha veneno pra rato
Chicote e chapéu de couro
Feijão de corda, pimenta
Hóstia, terço e água benta
Anel e cordão de ouro
Vassoura, cabo de enxada
Caco pra torrar café
Rapadura, arroz, cocada
Rosário de catolé
Roupas de mescla ou de linho
Gaiola pra passarinho
Bucha e barra de sabão
Cavalo de pau, carrinho
Urupema, cana, vinho
Cangalha e carro de mão
Chá de toda qualidade
Para curar qualquer mau
E nessa variedade
Tempero, colher de pau
Remédio para coceira
Babosa erva cidreira
Erva doce e capim santo
Estando contaminado
Tinha oração pra olhado
Pra feitiço e pra quebranto
Vi ralo pra ralar milho
Balaio e caçuá
Goma pra fazer sequilho
Tapioca, mungunzá
Broa, bolacha, banana
Garapa, caldo de cana
Gergelim e grão-de-bico
Blusa, sutiã, calcinha
Cueca, calça, tanguinha
Absorvente e pinico
Tinha loção pra cabelo
Pente, ataca e marrafa
Suco com raspa de gelo
Anzol, jereré, tarrafa
Remédio pra dor de dente
E mordida de serpente
Se acaso fosse atacada
A vaca a cabra ou a galinha
Lá no banco também tinha
Uma corrêa curada
Porém eu fiquei pasmado
E vou relatar o assunto
Quando alguém disse: Seu Nado
Vende caixão de defunto??
Ele disse, não vendia
Mas depende da quantia
Que eu resolvo isso ligeiro
E se o seu caso é urgente
Eu irei rapidamente
Contratar um marceneiro
Daquele dia em diante
Seu Nado firmou contrato
Com o marceneiro, e garante
Não faltar esse artefato
Pra comercializar
Se acaso alguém precisar
Dessa mala de madeira
Pra partir pra eternidade
Vai encontrar na verdade
Naquele banco de feira
Publicado por Luiz Berto em PROSEANDO NA SOMBRA DO JUAZEIRO - Carlos Aires
Fonte: Jornal da Besta Fubana
Nenhum comentário:
Postar um comentário