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domingo, 30 de maio de 2010

Como acabar com a miséria e as injustiças sociais

(*) José Romero Araújo Cardoso


          Desde que os homens aprenderam a dominar a natureza aos dias atuais o mundo nunca foi tão sofisticado, informações sendo veiculadas num piscar de olhos, revolução técnica sem precedentes e recordes em safras agrícolas sendo contabilizadas. A humanidade atingiu o apogeu da hybris, a natureza finalmente sucumbe à arrogância humana e lhes dá maravilhosos frutos.
          O modo de produção capitalista promoveu o avanço de técnicas impensáveis na antiguidade, quando o simples apropriar-se do fogo sagrado condenava semideuses ao suplício eterno na mitologia de época. No entanto, relações sociais de produção vigentes no modo de produção capitalista multiplicam situações humilhantes de seres humanos relegados a condições de excluídos na sociedade.
          A fome que atinge milhares de pessoas em todos os continentes poderia ter sido abolida da face da terra se a ganância cedesse lugar ao amor, ao respeito e à compreensão entre as pessoas. Josué de Castro ao receber prêmio internacional por sua luta pela paz, contra a fome e a opressão afirmou que o planeta tinha condições de se livrar do flagelo da subnutrição se houvesse empenho dos governantes, principalmente de Estados mais opulentos.
          Apesar dos avanços, a terra ainda está mergulhada em problemas infindáveis. Conflitos regionais e a ameaça de se tornar global, violência urbana, conturbações no campo, destruição da natureza, exigência de reforma agrária em países subdesenvolvidos, tudo isso faz com que os temores da humanidade se redobrem. Há sustentabilidade para o planeta com tantas colheitas de ódio e rancor? Haverá condição de se harmonizarem todas as nações, todos os povos e todas as crenças?
          Há dez anos o mundo vivia uma incógnita, a bipolaridade ainda suscitava dúvidas, seria o fim da humanidade junto com os percalços dos desafios da construção de uma nova ordem, personificada na trajetória globalizadora e na tendência neoliberal em crescimento vertiginoso. A arrogância capitalista pelo menos era freada com a “ameaça comunista”, encarando-a de frente.
Hoje, com a “ameaça” neutralizada em tese, vigora como nunca as leis do mais forte, da pouca ética e do desprezo aos valores que deveriam ser naturais aos seres humanos.
          Amor, respeito, consideração, apreço, ternura são valores desprezados pela humanidade, presente em todas as classes sociais e em todos os níveis de uma escala, de uma hierarquia. Individualmente cada país tem seus graus internos de intolerância, dos intocáveis indianos aos negros norte-americanos, ainda discriminados, dos argelinos sufocados num passado próximo pela França aos favelados brasileiros, não esquecendo o papel ridículo que tem sido exercido pela minoria que se arvorou do poder em nosso país, submetendo negros e índios a suplícios inenarráveis ainda hoje.
          A miséria e as injustiças sociais são produtos do homem, a complexidade da dominação soa draconiana se pensarmos que um dia os seres humanos foram felizes, sem miséria, convivendo harmonicamente num modo de produção que é chamado de comunismo primitivo, dividindo eqüitativamente os frutos de suas colheitas entre os membros de suas tribos. Era o tempo das cavernas, quando o homem vivia “despreocupado”, sem as tormentas das bolsas de valores ou do desemprego estrutural.
          Lennon, em um tributo à paz, cantou o amor e a harmonia entre os homens, bradando contra a construção dos territórios e das virtudes da hegemonia e do poder, lançou um grito anárquico pela união com base na luta pela fraternidade entre todos que habitam o planeta terra.
          A exclusão social só será vencida se houver consciência de que as chances, as oportunidades em suas diversas concepções devem ser estendidas a todas as pessoas, a todos os povos, eliminando-se qualquer coisa que sirva de empecilho à concretização da cidadania, assim suprimir-se-ão todas as formas de injustiças, a situação de miséria que atinge boa parte da população do globo e o caos que se instituiu desde que o escravismo antigo sucedeu ao comunismo primitivo.

(*) Professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão tTrritorial e em Organização de Arquivos. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA – UERN. E-mail: romero.cardoso@gmail.com. (MSN)romeorc6@hotmail.com.

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