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segunda-feira, 4 de abril de 2011

OSWALDINHO DO CEARÁ - FORRÓ DO CRATO PARA O MUNDO


Contar a história de Oswaldinho é contar a história de alguém cuja vida está ligada à música desde sempre. Nada difícil para alguém que viveu num ambiente onde música era o prato do dia. Nascido na cidade de Crato, no sul do Ceará, distante 560 km da capital, não é difícil imaginar que o rádio foi o seu maior incentivador; pois foi através de um programa na Rádio Araripe de Crato, do radialista e folclorista Eloi Teles de Morais (in memorian) que Oswaldinho teve o seu primeiro encontro com a musicalidade nordestina. O autentico forró. Foi ouvindo o programa “COISAS DO MEU SERTÃO” que o sanfoneiro ouviu e se apaixonou pela musica de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Jacinto Silva, Os Três do Nordeste, Marinês, entre tantos outros. Foi paixão à primeira vista.

Seu pai, jornalista conhecido na região, sempre o levava à tiracolo em suas viagens. Assim, Oswaldinho pode conhecer de perto e ter uma amistosa convivência com artistas do naipe de Nozinho do Xaxado, Bilinguim (Os Três do Nordeste), Patativa do Assaré, Severino Januário (irmão de Luiz Gonzaga), o violeiro Pedro Bandeira, as Bandas de Pífaros e do saudoso Luiz Gonzaga, em cuja residencia teve o seu primeiro encontro com a sanfona. A sua paixão se consolidou ouvindo Asa Branca tocada pelo grande mestre do baião Luiz Gonzaga.

Aos oito anos de idade, a cidade do Crato se encantava com a música clássica tocada por camponeses na Orquestra do Padre Ágio, o saxofone do Maestro Azul, comandando a banda de música da cidade, ou a musica popular no sax de Idelgardo Benicio nas tertúlias de antanho, com a poesia de Patativa do Assaré (que frequentava a sua casa) ou toque alegre da Banda Cabaçal dos Irmãos Anicetos. O próprio Oswaldinho destaca que “nascendo na Capital da Cultura o sangue tinha que ser verdadeiramente poético e recheado de influências musicais que iam do Jazz ao verdadeiro forró popular Nordestino, passando pela musica de radio e os dobrados marciais das bandas de música...”

Foi nesse tempo que o músico ouviu uma garota da vizinhança estudando acordeon. A garotinha, também com oito anos, tocava a musica “Tico-Tico no Fubá”. Foi a gota d`àgua. Ao chegar em casa o músico chamou os pais e pediu: “Quero uma sanfona”.

Os Pais o queriam com uma formação acadêmica e não viam com bons olhos o fato de que ele seguisse a carreira musical. Diziam que sanfoneiro não tinha futuro, apesar de gostarem bastante da musica nordestina principalmente de Luiz Gonzaga. “ O meu Pai e a minha Mãe queriam que o estudo estivesse em primeiro lugar, porém, nas viagens jornalísticas com meu pai sempre que tinha alguma inauguração, novena, etc, lá estava eu, levado por ele, tocando em palanques improvisados, em cima de carrocerias de caminhão”... O pedido foi atendido com uma exigência: a prioridade seria os estudos.

Exigência acatada, saíram à vizinha cidade de Juazeiro do Norte onde a pai comprou um acordeon de oito baixos. O inusitado desta história é que ao receber o acordeon, no caminho de volta para o Crato, dentro do carro do Pai, Oswaldinho passou a tocar Asa Branca sem nunca ter tocado nenhum outro instrumento desta natureza.

Coisas da vida? Ou coisas do talento? Reflitam.
Na cidade de Crato passou a estudar musica e instrumento com Dona Leda, uma professora de musica da cidade, vindo a formar a sua primeira banda com o filho da professora, Rogério Proença e os amigos de infância Doquinha, Telito e Susa. A partir daí vieram as primeiras apresentações em festas no colégio, aniversário de amigos, festinhas em casa de parentes; oportunidade em que exibia o seu talento no acordeon e também como baterista.

O estudo da musica o levou à SCAC – Sociedade de Cultura Artística do Crato, sob a direção da maestrina Divani Cabral, mantenedora de um Coral Infantil. Lá, Oswaldinho aprimorou os estudos de voz, piano e bateria. Pois passou a ser, por vários anos, o baterista oficial do Pequeno Coral do Crato, continuando a tocar acordeon nas festas do seu colégio, o Colégio Diocesano do Crato. Nesta época, um outro instrumento passou a fazer parte do seu dia a dia: o violão. Oswaldinho Passou a estudar o segredo das cordas com um professor chamado Batista; um excelente músico da minha terra que hoje continua animando várias festa por lá.

O tempo foi passando e os estudos o obrigaram, aos 16 anos, a migrar para Fortaleza, capital do Estado. O período em que cursou o pré-vestibular até concluir a faculdade de Fisioterapia, aliado a um período de dois anos na faculdade de Música, passou longe do acordeon. Confessa que não foi fácil suportar a situação mas, as atividades profissionais preenchiam o vazio deixado pela distancia do seu instrumento.

Foi exatamente no exercício da profissão que se deu o reencontro com o acordeon. Anos se passaram até que num presente do destino, fui levado a atender um casal de idosos: Dona Ana e Seu Farias. Certo dia Dona Ana me pegou pelo braço, me levou até o seu guarda roupa, abriu a porta e me disse: “meu filho toquei acordeon quando era jovem, como você enche os olhos toda vez que fala da sua infância tocando acordeon então este instrumento é seu...”

São palavras do músico Oswaldinho: “Algo muito forte me tocou naquele momento e eu senti a presença muito forte de Luiz Gonzaga. A única coisa que me veio à cabeça naquele momento”.

CONTINUA...

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