Foram reeditados os livros: "Engenhos de Rapadura do Cariri", "Folguedos Infantis do Cariri", os quatro volumes da "História do Cariri" e "Cidade do Crato" (com Irineu Pinheiro). Os sete livros de J. de Figueiredo Filho foram publicados como parte de 10 títulos que enfocam a história e os costumes do Cariri. Os engenhos de rapadura tornaram-se um símbolo da região que nasceu e cresceu na sombra da agroindústria da rapadura. De Irineu Pinheiro, a série inclui dois livros: "Efemérides do Cariri" e "O Cariri: seu descobrimento, povoamento, costumes".
Fabricação de rapadura nos engenhos do Cariri, aspectos do solo e condições do plantio da cana de açúcar, produção e alimentação do sertanejo são alguns temas abordados
Fabricação de rapadura nos engenhos do Cariri, aspectos do solo e condições do plantio da cana de açúcar, produção e alimentação do sertanejo são alguns temas abordados FOTOS: ANTÔNIO VICELMO |
De Floro Bartolomeu da Costa, foi publicado o livro "Juazeiro do Padre Cícero", que reproduz o célebre discurso do deputado pronunciado na Câmara Federal, em 1923, em defesa da Meca do Cariri e do seu líder político e religioso, Padre Cícero Romão Batista. "A reedição desse rico acervo ocorre numa outra feliz coincidência de data: os100anos de Juazeiro.
"A leitura é imprescindível para todos quantos queiram compreender o mais extraordinário fenômeno sócio-religioso ocorrido, na última década do século XIX e nas primeiras do século XX, no Brasil: o Padre Cícero Romão Batista, criador e criatura do Juazeiro do Norte", dizem na apresentação dos livros o então reitor da Urca, Plácido Cidade Nuvens, e a atual reitora, Otonite Cortez.
"Engenhos de Rapadura do Cariri", de José de Figueiredo Filho, com ilustrações de Percy Lau, foi originalmente publicado pelo Ministério da Agricultura, em 1958, no Serviço de Informação Agrícola (SIA). Traça o perfil de uma atividade que tinha papel central na economia agrícola caririense e na alimentação do homem no Nordeste.
Engenhos do Cariri
Em 1954, conforme Figueiredo Filho, o Cariri possuía em operação 284 engenhos, a força motriz, 12 movidos a bois e seis engenhos d´água - em Barbalha, Crato, Missão Velha, Juazeiro do Norte e Jardim. Os 65 engenhos de Barbalha produziam 8,52 toneladas de rapadura e os 75 do Crato, 5, 075 toneladas do produto. Em Missão Velha, 92 engenhos produziam 3,5 toneladas de rapadura; 32 engenhos de Juazeiro do Norte forneciam 2,3 toneladas; e, em Jardim, 42 engenhos entregavam 2,17 toneladas por ano. Os cinco colocavam mais 2.203 litros de aguardente no mercado.
A agroindústria da rapadura foi o setor econômico que mais contribuiu para o progresso da região. O autor não só descreve moagens e plantios de cana, mas focaliza, também, aspectos da vida na região, para mostrar a civilização que foi criada naqueles rincões, por elementos genuinamente brasileiros, nascidos e abrigados na sombra dos engenhos de rapadura.
Data de 1785, conforme o padre Antonio Gomes de Araújo, citado por Figueiredo, o primeiro engenho do Município do Crato movido a água. Ficava localizado no Sítio Cobreiros, pertencente ao coronel Joaquim Ferreira Lima, futuro sogro de Tristão Gonçalves de Alencar Araripe. O livro inicia com dados históricos e aborda em seguida a região e o homem.
Os aspectos do solo e condições para o plantio da cana de açúcar, além de fotos dos engenhos dão o pano de fundo da ciência agronômica da atividade. Em seguida vem o capítulo sobre a vida no engenho de rapadura; e, ainda, um capítulo sobre o lugar cativo da rapadura na alimentação sertaneja.
Publicações
10 livros reeditados traçam história do Cariri. Destaque para obras de J. de Figueiredo Filho: "Engenhos de Rapadura do Cariri", "Folguedos Infantis", "História do Cariri" e "Cidade do Crato".
MAIS INFORMAÇÕES
Universidade Regional do Cariri (Urca) - Pimenta - Crato (CE)
(88) 3102.1212 / 3102.1204 / E-mail: urca@urca.br / gabinete@urca.br
CULTURA
Folguedos infantis são tema de livro
Os livros têm importante contribuição ao registrar, entre tantos costumes, brincadeiras regionais da época
Crato. O jornalista Flamínio Araripe, que é neto de J. de Figueiredo Filho, afirma que o livro "Folguedos Infantis Caririenses", uma das obras reeditadas, publicado em continuação a Folclore no Cariri, mergulha na memória afetiva da infância vivida pelo autor, mas abraça também as brincadeiras mais recentes que ele observa e extrai do que praticam os netos, aos quais dedica o livro. A dedicatória do livro - "Aos netos, raios de luz que me alegram o declínio da jornada, e fazem-me reviver, em espírito, os tempos bons de criança" - dá o tom do sentimento com que o autor percorre a memória afetiva dos folguedos infantis.
"As brincadeiras infantis estão intimamente presas ao folclore. Muitas delas acompanham o homem desde os albores da civilização", afirma. Um capítulo dá vida às experiências vividas de brigas de rua. Outro recorda o universo do cavalo de pau, a montaria infantil. Em consulta ao folclorista Luís da Câmara Cascudo, Figueiredo informa que o cavalo de pau já era conhecido entre os romanos e gregos.
Menciona, ainda, os hábitos de montar carneiros, jumentos e cavalos. "A original montaria está quase a desaparecer do cenário caririense, substituída pelos veículos mais modernos - bicicletas e velocípedes", escreve. Brincadeiras de crianças da cidade e dos sítios, de meninos e meninas, também jogos de palavra e cânticos, inclusive com a partitura musical, revivem no texto fluente e amoroso do escritor. Há fotos de meninas pulando a "Macaca", no colégio São João Bosco, no Crato; Jogo do Amor (Senhora dona Condessa), meninos jogando pião. Capítulos são dedicados a histórias de trancoso, bicheiro, carnaval de crianças, armas, instrumentos de caça, armadilhas, passarinhos e gaiolas.
Centenário do Crato
O livro "Cidade do Crato", publicado em 1953, em parceria com o médico Irineu Pinheiro, pelo Ministério da Educação, por ocasião do Centenário do Município, traça um perfil da história, economia e cultura da cidade. O primeiro capítulo, assinado por Irineu Pinheiro, é centrado na história. O texto de Figueiredo - "Crato, importante centro do Nordeste brasileiro" - tem a cor de uma reportagem que cobre da geografia à educação e cultura da cidade, onde há lugar para mostrar o Zabumba de Couro. Na obra, Figueiredo equilibra dados da realidade social ao tom otimista do livro de comemoração do centenário.
ANTÔNIO VICELMO
REPÓRTER
FONTE:http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1015373
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