Francisco Ferreira de Freitas Filho, o Di Freitas, nasceu em Fortaleza (CE), onde estudou violoncelo e violão clássico no centro de formação de instrumentistas de cordas do SESI. De formação erudita, participou de vários festivais de música com renomados professores em Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro. Tocou por vários anos em orquestras profissionais, como a Filarmônica de Goiás, e, em Fortaleza, no Syntagma, grupo que trabalha a relação entre musica antiga e música nordestina. Há sete anos desenvolve, em Juazeiro do Norte (CE), trabalho de experimentação musical com materiais alternativos, pesquisa iniciada com alunos da APAE. Atualmente é coordenador de música da Orquestra de Rabecas do SESC. Em 2007 lançou, ao lado da cantora lírica italiana Francesca Della Mônica, o CD Ultraexistir.
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Di Freitas, por Antonio Madureira
Conheci Di Freitas em 2005, quando fazia com o Quarteto Romançal o Sonora Brasil, Circuito Nacional de Música do SESC. Foi lá, em Juazeiro do Norte, terra do Padre Cícero, que encontrei Francisco, este grande artista. Sem dúvida um encontro memorável. Na ocasião, conversamos longamente sobre música, pesquisas e sonhos. Di Freitas contou das suas atividades na área pedagógica e que desenvolvia uma original luteria. Muito me tocou sua descrição do trabalho que realizava junto aos alunos da APAE e da criação de uma orquestra de rabecas.
Logo após o nosso concerto, fui à oficina ver de perto sua arte de criar recriar instrumentos musicais. Trabalhando artesanalmente materiais alternativos e recicláveis, age coerentemente com a realidade sócio-econômica do seu campo de ação.
No momento, tenho a oportunidade de conhecê-lo como instrumentista e compositor. Seu disco é um inventário das sonoridades nordestinas. Repertório que segue antigas rotas levando-nos às origens. Seus arcos musicais, por ele mesmo construídos, refazem pontes, religando-nos à nossa ancestralidade.
Os toques da rabeca e do marimbau fazem ressoar um passado mouro; belo momento cantado revisita a tradição ibérica do romanceiro. O pulsar do sangue afro responde ao baque virado do maracatu nação, e a tradição cariri se faz presente nas flautas e pífanos.
O Selo SESC, com maestria, vem garimpando preciosidades da produção musical contemporânea, criando assim um catálogo fonográfico de referência nacional.
Hoje se renovam a alegria e emoção daquele encontro no Ceará. Com este trabalho, Di Freitas mostra a sua forte musicalidade, tecendo um tapete sonoro legítimo de um músico brasileiro.
Antonio Madureira
Compositor e maestro
Regente do Quarteto Romançal
fonte:http://palcomp3.com/difreitas/#!/descendo-a-serra
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