Diversos grupos de reisados da região do Cariri participam do projeto de gestão Terreiro em Movimento
Juazeiro do Norte. Os grupos de tradição popular da região do Cariri estão tendo a oportunidade de se capacitarem na área cultural. A meta é desenvolver projetos a respeito da sua própria história e da trajetória dos reisados, bandas cabaçais e outras manifestações da cultura.
Uma forma de aprofundamento nos seus valores e maior interatividade com a gestão cultural. Pelo menos é o início de um trabalho no qual existe uma grande carência e uma necessidade de desenvolvimento de autogestão. Essa é a constatação da produtora cultural Beth Fernandes que, desde dezembro passado, iniciou um curso, que será concluído no fim deste mês, no qual prevalece a interatividade.
O trabalho faz parte do projeto "Terreiro em Movimento", desenvolvido por meio do Ministério da Cultura (Minc), com o edital Interações Estéticas.
A primeira etapa dos trabalhos foi iniciada com a visita na casa dos mestres de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, e o registro de imagens e depoimentos. Os festejos natalinos e Dia de Reis foram registrados. "Esse foi o momento da manifestação espontânea e que eles não precisam de nenhum incentivo da iniciativa privada para realizar as apresentações", diz Beth. No Centro de Cultura Popular Mestre Noza, em Juazeiro, foi realizada a apresentação oficial do projeto, por ser um Ponto de Cultura do Minc.
Finalidade
O projeto tem a finalidade de possibilitar uma noção inicial na área de gestão cultural, dentro dos próprios grupos, e mostrar a importância desses brincantes como produto cultural. Segundo Beth, é importante uma preparação técnica para que os integrantes dos grupos possam construir uma rede de relações.
Ontem, foi iniciada a quarta semana dos trabalhos, com aulas teóricas na parte de estruturação de projeto cultural. Entre os grupos participantes estão o Reisado dos Irmãos, do Bairro João Cabral, com o mestre Antônio; Reisado Mirim Estrela Guia, com a mestra Lúcia; a Banda Cabaçal Maluvidos e as Guerreiras de Santa Madalena, também do João Cabral.
A capacitação tem tido uma rotatividade de espaço. A Cooperativa dos Artistas, no Bairro João Cabral, semana passada sediou os trabalhos.
A instituição é liderada pelo Reisados dos Irmãos. Passou pelo Teatro Municipal Marquise Branca, e também no Sesc. Cada grupo desenvolve a sua própria história, tendo o mestre como o principal articulador desse presente e passado, no resgate da tradição dos grupos.
História
"Na verdade, a intenção desse trabalho é desenvolver um projeto com a história dos próprios grupos e eles possam levar para as diversas instituições todos os aspectos desse trabalho, com um projeto já desenvolvido sobre a sua própria trajetória", explica. No próximo dia 28 de fevereiro, será realizado um encontro festivo entre a tradição e a produção, no Centro Mestre Noza, no intuito de mostrar o resultado desse trabalho.
Disponibilização
A imagem dos grupos e depoimentos, dentro do projeto, estarão sendo disponibilizados também em DVD. A meta é distribuir 300 discos desses nos centros culturais de todo o Brasil.
De acordo com a produtora Beth, a ideia é, além de divulgar o projeto juntamente com os grupos, realizar a capacitação.
Formada em produção cultural, pela Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, a produtora está há cerca de 5 anos no Rio. Com formação também na área de artes cênicas, Beth Fernandes há dois anos realizou o projeto "Terreira Cearense", em terras cariocas. "Em Juazeiro, estou experienciando as ações, como forma de viver e estudar os terreiros", afirma.
A produtora aponta a carência dos grupos, desde que retornou ao Juazeiro para desenvolver o projeto, como muito maior do que esperava. "Eles precisam ser capacitados para poder desenvolver pequenos textos e levar aos órgãos até da própria região, e mostrar a sua história, uma programação de trabalho", relata, ao destacar a necessidade de autonomia do grupo de tradição popular, para que eles mesmos possam ser os articuladores do projeto de vida para a disseminação dos seus próprios valores culturais.
Grupos
São dezenas de grupos na região, a exemplo dos grupos do Bairro João Cabral, Bairro Pio XII, e também no Crato, com grupos como o Reisado do Mestre Cirilo, na Vila Lobo, Dedé de Luna, no Bairro Muriti. Preservar a tradição tem sido tomado a sério por esses grupos.
No Muriti, já se trabalha com crianças há alguns anos, e também na Vila Lobo. Mas alguns mestres chamam a atenção para um compromisso maior da juventude, já que eles vieram de uma época em que o prazer de manter a tradição nascia mesmo era da espontaneidade.
Para a produtora, os próprios jovens mesmo já conhecendo a leitura, necessitam dessa noção da técnica para registrarem o seu próprio produto e, assim, conhecerem mais a fundo sua história e valores.
Demanda
"A carência dos grupos é maior do que imaginei. Esse projeto cultural visa também a capacitação"
Beth FernandesProdutora Cultural
MAIS INFORMAÇÕES
Trabalho com grupos de reisados populares
bethaproducoes@gmail.com
Telefone: (21) 8025.7033
ELIZÂNGELA SANTOSREPÓRTER
fonte:http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=930014
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